Te amarram na cadeira e calam sua boca

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Olha só essa propaganda dirigida a anunciantes. “Realizamos todas as fantasias dos anunciantes. Para que o público veja a sua mensagem, sem dispersão, anuncie nos nossos cinemas”. Poderia continuar assim: “Lá cobramos caro pelo ingresso, o que garante um público alvo seleto, isto é, mais efetividade para seu anúncio. Em nossas salas, o público não se importa, apesar de ter pago ingresso, de ficar mais 10 minutos sentados em silêncio assistindo as propagandas que quisermos. Naquela sala, naquele escuro, com a tela daquele tamanho e som daquela altura, não tem como o otário não ver sua propaganda.”

Leo,,

Te amarram na cadeira e calam sua boca

Parada para o almoço

Como a minha motoca já passou há muitos anos da garantia – ela é de 1973 – eu tenho que fazer visitas regulares ao mecânico, para apertar um parafuso aqui, trocar uma peça ali, e deixa-la pelo menos conseguindo me levar daqui pra lá.

motoca.jpgMas acontece que não é fácil ficar saindo do trabalho pra levar a moto lá, voltar a pé debaixo do sol, ou ficar muito tempo fora. Então, claro, penso em fazer isso na hora do almoço, porque entro cedo e, quando saio, a oficina já fechou.

Ilusão minha, porque na hora do almoço a oficina também fecha. Desabafei com o Gama: “po, esse cara fecha a oficina na hora do almoço, como é que eu vou conseguir levar a moto lá se é o único horário que tenho…?”, e ele, em tom de ironia: “é… é mesmo um absurdo o cara ir almoçar com a família e descansar um pouco depois de comer…”

Como eu sou paulista!

Excelência em serviço! Sacrifique tudo pelo bem estar do cliente… Pessoas estressadas tanto na posição de cliente (sempre reclamando do serviço) como na posição de fornecedor (tudo bem, eu como uma besteira qualquer na hora do almoço mas termino esse serviço) .

Me lembro como me incomoda quando presto serviço pra alguém e sou tratado como um produto, que tenho que ter dedicação total e aceitar todas as exigências e trocas de opiniões assumindo todas as responsabilidades e atrasos do prazo para mim…

E essa lógica de relação interpessoal que quero mudar, acaba se revelando dentro de mim naturalmente, quando reclamo do mecânico.

Galera, vamos almoçar com calma! Pára com isso! Seu bando de paulista….

Leo,,

Parada para o almoço

Um salve a José Padilha

Mais um post em mais um blog falando sobre o Tropa de Elite.

Mas não é a toa que tá dando tanta repercussão. O filme é muito bom.

Eu me lembro da sensação que eu tive quando vi Cidade de Deus. Na época eu trabalhava em uma favela na Zona Leste de São Paulo, e fiquei com muita raiva do filme por fazer um bang-bang de entretenimento em cima de um tema tão sério. A simplificação dos personagens, a coisa tão bem definida que tem entre quem é do “bem” e do “mal” esteriotipava ainda mais a visão que se tinha da favela e, na minha visão, só aumentava o abismo social.

Saí da sala de cinema com uma sensação de alívio por ver um filme que não cai na mesma onda do Cidade.  Gostei mesmo de como o diretor tocou a história, mostrando uma situação complexa:

O traficante bandido, assassino. A polícia corrupta e a classe média alienada, cheia de discurso e com atitude zero, as vezes até indo contra o discurso. A cena da porrada na passeata pela Paz é foda. Me lembrei na hora do movimento “Cansei”…

E tudo isso sendo narrado e interpretado através dos olhos distorcidos de um policial metido a justiceiro, violento e alucinado.

Algumas pessoas não gostaram do filme porque acharam fascista, incentivador da tortura,  e não perceberam que não é o filme que é assim, mas o protagonista. Aí ouvi um amigo dizendo que esse filme despertou no Rio um sentimento que deseja mais violência: uma adorção ao BOPE…
Essas pessoas estão malucas. Se um cara como Capitão Nascimento vira herói é o atestado de que a sociedade está mesmo muito doente.

Pra coroar o filme, ainda teve toda a história de ele ter sido pirateado antes de chegar ao cinema. Mostrou, mais uma vez, que a pirataria pode ser uma ótima estratégia de marketing e não uma inimiga.

Leo,,

Um salve a José Padilha

São Paulo

Nesse feriado fiz uma passagem relâmpago por São Paulo. Da selva amazônica à selva de pedras em algumas horas.

Foi maluco e angustiante ver toda a correria da cidade, o transito, a poluição, o abismo social, o shopping center iluminado, o rodízio de comida japonesa, o rio Tietê, os catadores, as obras, os novos bares, o pedinte no farol, as mansões do jardins…

Foi maluco e angustiante ver como sou parte de tudo isso.

São Paulo

Massificação Pirata

cd_banda_calypso_20.jpgApareceu a Regina Casé no Fantástico viajando pelas periferias do mundo. Lá pelas tantas ela chega em Angola, num mercadão, e o CD que tá dominando as paradas lá (pelo menos é o que ela disse) é o Calypso. O mesmo que não pára de tocar aqui no Pará, no centro de São Paulo e no Brasil todo.

De cara vem a mente todas aquelas coisas: Como a tecnologia está permitindo que bandas fora do eixo Rio-SP e independentemente das gravadoras tenham sucesso. E tudo isso a partir de um modelo de negócio totalmente diferente do tradicional contrato entre artista e editora, baseado na distribuição livre e descontrolada de CDs pelos camelôs afora…

Open Business, diria o pessoal da FGV e Creative Commons. FVG que até fez uma pesquisa extensa sobre o modelo de negócio do Tecno-Brega Paraense, ressaltando como é possível artistas fazerem carreira sem se basear na exploração da propriedade intelectual – o direito autoral.

Mas aí eu fico pensando. Calypso na Angola? No Brasil inteiro. Isso parece mais uma nova forma de um mesmo modelo de massificação cultural… Cadê a Diversidade a partir da tecnologia digital? Tá tudo se repetindo…

E sobre músicos ganhando dinheiro, é fácil notar que Calypso não é uma banda, mas esse casal que vocês vêem na capa dos discos. Os músicos são contratados, e devem se revezar bastante. Outro dia ouvi um relato de que os músicos de Belém reclamam muito do ritmo e das condições impostas pelo modelo Calypso de negócio – que paga muito mal os músicos.

E como todos os Cds circulam livremente por aí, os músicos também não ganham nada pela venda de suas gravações. O lucro do casal não é baseado em direito autoral, mas é, de certa forma, baseado em alguma outra coisa imaterial, que é a imagem, o carisma e a presença deles. Será que é isso mesmo? Ou será que é apenas uma nova roupagem para o mesmo modelo de massificação… aquela coisa do “eu gosto porque todo mundo gosta”. Será que a culpa é dos camelôs?
Sei lá. O que vc acha?
Leo,,

Massificação Pirata

Os DJs corsários

Esses dias um grande amigo abriu mais um grande blog, O Corsário. No post de abertura ele fala bem sobre a relação dele com a pirataria na internet e como isso despertou pra ele, e pra muitos, um novo jeito de ver TV: “Eu comecei a baixar pirataria em 2000″… hehe parece confissão do AA.

Ele faz uma análise bem legal de como se surpreendeu com a mobilização das pessoas que cresceu muito nos últimos anos e hoje é capaz de disponibilizar um capítulo do LOST na rede, já com legendas em português, apenas algumas horas depois de o episódio ter estreado nos Estados Unidos.

A pirataria na internet hoje é altamente organizada, porém é descentralizada e sem fins lucrativos. Mais um bom exemplo de trabalho colaborativo que funciona.

O corsário é mais um site que aparece com um trabalho de curadoria da infinidade de coisas que estão disponíveis na rede. Esses sites fazem o papel do finado Disk Jokey das rádios antigas, que ouvia de tudo que chegava dos quatro cantos do mundo e selecionava o que considerava mais interessante para seus ouvintes.

Quem ainda tem medo de excesso de informação? A organização dessa informação tá acontecendo como tudo na rede: de forma caótica, descentralizada e de baixo pra cima.

Segue aqui alguns sites desse tipo que acompanho:

http://nirso.blogspot.com

You & Me on a Jamboree 

Som Barato

Leo,,

Os DJs corsários

Cataratas do Tapajós

Comecei a editar o vídeo da viagem que fiz no Abaré (barco hospital) junto com os expedicionários da saúde numa maratona de cirurgias de catarata. Vai ser um videozinho curto, só um registro mesmo da viagem.

Abaixo o Sr Dionísio, um dos ribeirinhos que foi operado. Estava praticamente sem visão, operou pterijo (carne crescida) de um olho e catarata de outro.
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Sala de espera
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Chico, um dos oftamologistas dos Expedicionários.
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Fabio Tozzi, grande figura, médico coordenador do Abaré, além de grande conhecedor de barcos, com 9 viagens para a Antartida no currículo.
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O Abaré
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Cataratas do Tapajós

Primeiros dias em Santarem

As sete e meia da manhã o locutor do rádio anuncia que teremos mais um dia de sol e céu limpo, e que já faz 30 graus! Gama me diz que tenho que botar na cabeça que não é pra ficar trabalhando na hora do almoço, “vai acostumando teu organismo a almoçar todos os dias as 12:30 e a tirar uma soneca na rede depois”. Então tá.

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Cheguei a Santarem na manhã do dia primeiro de agosto para passar 5 meses trabalhando no Projeto Saúde & Alegria.

Minha primeira passagem por essas terras foi em janeiro de 2003, com o Fernão, viagem descrita aqui nos relatos amazônicos. Foi um mês viajando de barco desde Belem até Manaus, passando por Macapá e Santarém.

Ano passado voltei aqui mais uma vez, a trabalho, organizando uma das Oficinas Regionais do programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura.

A cidade fica as margens do rio Tapajós, que diferente dos rios Soimões e Negro, tem águas claras. As praias ao redor da cidade, das quais a mais famosa é Alter do Chão, são paraísos naturais: praias de areia branca, e um imenso rio de água azul clara tão grande que até parece o mar. Esse cenário conferiu a Alter do Chão o apelido de “Caribe brasileiro” – com a sensível diferença que a água é doce!…

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O Projeto Saúde & Alegria (PSA) onde venho trabalhar é uma ONG que tem mais de 20 anos de trabalho aqui na região do rio Tapajós. Somente nos últimos anos ela conta com um barco hospital, o Abaré, grande e bem equipado, que navega por mais de 100 comunidades atendendo cerca de 30 mil pessoas. Antes disso, durante 19 anos, o PSA fez um trabalho preventivo, ensinando o pessoal a tratar água com cloro, fazendo vacinação entre outras coisas. Esse trabalho melhorou drasticamente vários indicadores de saúde da região, principalmente o de mortalidade infantil.

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Venho em um projeto que quer reavivar a Rede Mocoronga de Comunicação – uma rede entre várias comunidades atendidas pelo projeto que trocam produções impressas, programas de rádio e que agora deve entrar no mundo digital, com sites e vídeos.

Já fiz uma viagem no Abaré, acompanhando um trabalho com os Expedicionários da Saúde, numa maratona de cirurgias de catarata ao longo do Rio Tapajós. Vou começar a editar um vídeo dessa experiência e logo mais vou postando por aqui. As fotos nesse texto são da casa do Gama e aqui no PSA, que são os lugares onde passo a maior parte do meu tempo. Logo mais compro minha vespinha e me mudo!

Leo,,

Primeiros dias em Santarem

Sem noção

Estilista estampa ofensa à China em camiseta antipirataria

Uma ofensa, com os dizeres “F* You China”, é a estampa das camisetas da última coleção de Philipp Plein. A idéia, afirma o estilista alemão, era vender uma camiseta que não fosse copiada pela indústria da pirataria chinesa. Sua criatividade agora lhe rende ameaças de morte. Além do texto ofensivo, as camisetas vêm com a etiqueta “Manufactured in Europe, produced and designed by Philipp Plein” (Confeccionada na Europa, produzida e desenhada por Philipp Plein).

Fonte:  http://jbonline.terra.com.br/extra/2007/07/24/e240712094.html

Leo,,

Sem noção