Há um tempo atrás esbarrei no projeto “Cidades para pessoas” lá no catarse, uma plataforma de crowd funding brasileira. Gostei demais e apoiei. Nâo vou explicar aqui o projeto, mas basta dizer que é um trabalho jornalístico que vai passar por 12 cidades do mundo onde houveram projetos urbanísticos bem sucedidos que priorizaram as pessoas – e não os carros.
A Natalia já está lá em Copenhagen e essa semana mandou notícias emocionadas contando da entrevista que fez com o arquiteto Jan Gehl, que a inspirou a encarar essa empreitada. Reproduzo aqui um trecho do relato dela, com a resposta dele a sua primeira pergunta:
… Perguntei tudo o que eu e todos vocês queríamos saber: e aí? qual o caminho? Como fazemos para mudar nossa cidade? Para conscientizar as pessoas das nossas cidades de que não adianta construir mais ruas para darem lugar a mais carros? São Paulo tem solução?
– Minha querida Natália, quando você pergunta a uma criança o que ela quer no próximo natal, ela vai te responder com uma lista de objetos que ela conhece. Uma criança nunca vai querer algo que não conheca, certo? O mesmo se dá com as cidades. As pessoas só vão exigir cidades melhores de fato quando elas souberem COMO e o QUÃO melhores as cidades podem ser. Trabalhos como o seu são importantíssimos. Faça muitos vídeos, mostre como a lógica das cidades que vai visitar é muito mais agradável, como elas respeitam a escala humana, como elas oferecem opções mais interessantes para se locomover do que apenas asfalto para os carros e as pessoas vão querer lugares como esses. Se você realmente fizer um bom trabalho, você vai ajudar muito São Paulo a melhorar.
A resposta dele é muito simples, mas muito profunda. As pessoas precisam de referências, de repertório. Entender que São Paulo PODE ser diferente é o primeiro passo para melhorarmos a cidade. A crença de que “São Paulo não tem jeito” é o veneno que nos faz alimentar uma relação parasita com a cidade.
Boa sorte a Natalia. Que faça um ótimo trabalho.